segunda-feira, 11 de abril de 2011

A tecnologia nos faz melhores

A palavra tecnologia sugere objetos. Coisas complexas e feitas de átomos. Locomotivas a vapor, telefones, computadores, substâncias químicas e chips de silício. Quando esse mundo de coisas começou a surgir, séculos atrás, encaramos o fenómeno como uma revolução material, embora todas as mudanças que trazia fossem, na verdade, causadas pelo desenvolvimento da capacidade de utilizar a energia de forma orientada. A magia do material estava no fato de conseguir conservar, transmitir ou exibir energia em pequenas quantidades no momento certo (sinais) ou em explosões sob demanda (quantidade de calor).
Esses objetos perderam recentemente parte de sua massa. Começamos a enxergá-los como ação. Hoje, o termo tecnologia sugere softwares, engenharia genética, realidade virtual, banda larga, formas de vigilância e inteligência artificial. Se uma dessas coisas caísse no seu pé, você não machucaria o dedão. A tecnologia tornou-se uma força. É um verbo, não mais um substantivo. Sua ação mostrou-se tão forte que, agora, percebemos a tecnologia como um superpoder e também como algo que sempre leva a culpa quando uma coisa dá errado. Na realidade, a tecnologia é matéria, é força e é muito mais. É tudo o que criamos: literatura, pintura, música. Bibliotecas são tecnologias. Como também o são os registros contábeis, a legislação civil, os calendários, as instituições, todas as ciências, bem como o arado, as roupas, os sistemas de saneamento, os exames médicos, os nomes de pessoas e o alfinete de segurança. Tudo o que nossa inteligência produz pode ser considerado tecnologia.

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